terça-feira, 13 de setembro de 2011

RAPPERS REVOLUCIONÁRIOS SÃO VÍTIMAS DE INTOLERÂNCIA POLÍTICA


No dia 3 de Setembro um grupo de aproximadamente 300 pessoas, reuniu-se no Largo 1º de Maio, para aquilo que se pretendia ser uma pacífica manifestação contra a permanência de José Eduardo dos Santos na presidência da República.
 

O que interessa-nos dizer aqui é que a manifestação foi mais uma vez convocada por hip hoppers que no referido dia viam tudo decorrer como previsto, uma vez que a manifestação foi devidamente autorizada pelo Governo Provincial de Luanda. Até ao momento em que se deu pela falta do indivíduo que devia trazer ao largo mais material de propaganda (panfletos). Uma vez que não se conseguia entrar em contacto com o mano, chegou-se a conclusão que este fora raptado*. Instalou-se a discussão.

O grupo dividiu-se: uma parte do grupo achou que devia marchar até a Cidade Alta, para exigir a libertação do mano, a outra parte (a mais coerente), ciente de que a manifestação foi autorizada simplesmente nos limites do Largo 1º de Maio, defendia a permanência do grupo no local. Suspeita-se da existência de agentes do SINFO infiltrados entre os manifestantes, agentes estes que incitavam fortemente o grupo a marchar para a Cidade Alta, ansiando com isso o confronto com as forças policiais.

Quando alguns manifestantes puseram-se então a caminho da Cidade Alta, iniciou-se o caos; as agressões começaram mesmo no seio do grupo, por parte dos tais agentes infiltrados. Robustos, com ferros e paus, passaram a agredir os outros manifestantes e a proferir insultos contra a polícia. Do confronto com a polícia resultou a detenção de um bom número de manifestantes, dentre eles os rappers Carbono, Hexplosivo Mental e Pandita Mc.

Daí os manifestantes detidos passaram a conhecer muitas esquadras policiais da cidade de Luanda, tal era a velocidade com que eram transferidos de uma para outra. E conheceu mais quem não virou cliente dos presos que livremente portam telefones celulares dentro da cadeia e com eles fazem negócio: mil Kwanzas por minuto; pagas, ligas para alguém muito ou pouco influente (se tiveres), és chamado pelo “Comandante”, levas um ralhete e sais livre.
 
Mas infelizmente grande parte dos manos continuou detida, aguardando julgamento. Julgamento este que só aconteceu dois dias depois do prazo de prisão preventiva ter expirado, o que nos faz crer na existência de manipulação e intolerância política. A maioria dos detidos foi condenada entre 45 a 90 dias de prisão.

Hexplosivo Mental (a esquerda)
Carbono

Continuamos atentos e vigilantes. Inevitável será soltarem os nossos irmãos, torcemos é para que saiam com saúde.
 



*Este mano confirma agora que quando se dirigia ao Largo com os panfletos, foi interpelado por indivíduos à paisana, levado à força para um lugar afastado da cidade, onde lhe foi recebido o material de propaganda e o telefone e, depois de umas boas galhetas, foi solto. Tentava voltar para o Largo (à pé) quando o confronto acontecia.

 
 
 
J.I

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