O rapper é intérprete ou arauto
fiel do seu tempo cuja função prende-se em reportar os feitos, as ambições,
sonhos, ou seja, as vivências fundamentalmente da sua comunidade. A mesma
caneta que serve de meio para compor versos que visam denunciar as agruras do
povo, outros usam-na para produzir distrações deste mesmo povo retardando assim
a desenvolvimento mental do homem angolano.
“A verdade que não Vem” é a mais concreta tradução da
inoperância das instituições em persistir em não olhar o cidadão como sendo ele
o detentor do poder que delega com finalidade de ser representado. Horas Extras
faz uma panorâmica do quanto a verdade é tao seriamente atentada por aqueles
que detêm o poder que infelizmente escolheram esquecer que a verdade em si não
é propriedade do Chefe do Estado.
Tendo em conta as agruras que
acontecem nas nossas prisões, muitos preferem não tocar no assunto, vivemos
como que não existissem cadeias ou se existem, aceitarmos enganarmos- nos dos
maus tratos que nelas acontecem. “Entre a Espada e
Parede” é convite que leva-nos a indagar o nosso eu profundo das
razões que nos afastam do diálogo sobre as cadeias. O Rap reporta factos que
têm lugar nas prisões que se traduzem num grave abuso dos direitos da pessoa
humana, tal como ele mesmo diz: “onde muitos viram gays por falta de pão”.
As prisões são sociedades “secretas imundas” que não são raras vezes que as pessoas
por lá param por falta de seriedade do Sistema.
“A dança da Globalização” desvenda
toda nossa ilusão que nutrimos às instituições internacionais. É tudo ilusório
e nada de seriedade, o olhar das diferentes organizações sobre a África, sempre
será de “escravos e senhores”, o nosso continente continuará a ser
visto como palco de testagem das mais estranhas vacinas, muitos líderes
religiosos continuarão a ser esculpidos com finalidade de desenformar os seus
crentes atrasando-os assim na tábua de desenvolvimento. O ocidente sempre
encetará seus esforços em alienar os líderes políticos africanos e esses por
sua vez esquecerem os seus cocidadãos. “Esquecidos”
seremos “nós” os excluídos pelos
chefes envenenados pelo medo de partilhar o poder, e nisso, pensa o artista,
fragiliza-se os que de forma autónoma pensam.
“A mulher habita” em
qualquer um de nós (homens); toda mulher deve considerar-se uma MUSA e uma figura inspiradora e o Rap
coloca o acento tónico às mulheres zungueiras. Ou seja, as autoridades batem
nas pessoas erradas, aquelas que incansavelmente buscam pelo sustento das
famílias que o Executivo graças a sua incapacidade fez muitas eminentemente
pobres que como forma de garantir a sua sobrevivência, caminham longas
distâncias, expostas ao sol, poeira, com filhos às costas na esperança de
conseguirem algo que sirva para além de providenciar a alimentação, pagamento da
formação. O Executivo age como um criminoso vulgar. E a soma dos defeitos do mesmo
estimula e multiplica as “razões para sermos
opositores” como forma de manifestarmos o nosso
descontentamento. É necessário que ganhemos consciência das assimetrias que são
visíveis e de mãos dadas apontarmos o caminho aqueles que não querem conduzir o
povo para a sua realização.
Os inúmeros erros, uns por
insanidade e outros por incapacidade de quem governa, fazem pensar que tal
Executivo não é deste país, eles dá a ideia de vieram de outro planeta para cumprir
uma missão, agravar o sofrimento do povo angolano. Fazer o bem, é uma lei
inerente a natureza humana; fazer o que é prometido ao longo de uma campanha
eleitoral, é o mínimo que pode se esperar de pessoas que usam a razão como guia
das suas acções. Quem é eleito e deliberadamente aponta o cano do canhão a sua
comunidade, revela uma postura estranha que deve-se procurar perceber de modo
mais cuidado possível. Os avultados maus exemplos leva-nos aquilo que o Mc chamou
“Angola em Estado Febril”.
Uma dura critica que Horas Extras
faz a classe intelectual, prende-se com o profundo silêncio. “Doutores do silêncio” é essa
a nova designação daqueles que ostentam títulos mas que escusam-se de fazer uma
intervenção a medida da sua formação académica. Horas Extras, apresenta o
silêncio de quem estudou com certo desespero pelo facto de não estarem a
cumprir o seu mais nobre objectivo.
Para terminar, é importante dizer
que “Patriotários”, é um
projecto que responde a forma de pensar do seu “progenitor” e das limitações
das condições materiais, mas a obstáculo, o autor reportou a vivência de um
povo e apresentando-se como um homem preocupado com o bem-estar do seu
semelhante porque compreende ele que desta forma estaria a ser útil. A arte que
para aqueles que não têm noção dos seus benefícios obviamente para além
daqueles que permitem atrair mais mulheres sem equilíbrio mental e dinheiro,
ela essencialmente tem o condão de humanizar o executante e os destinatários.
Texto de (Khadhya Lubuato)
Baixa Aqui
Shia Neurose
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