quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Horas Extras, “Patriotarios”



O rapper é intérprete ou arauto fiel do seu tempo cuja função prende-se em reportar os feitos, as ambições, sonhos, ou seja, as vivências fundamentalmente da sua comunidade. A mesma caneta que serve de meio para compor versos que visam denunciar as agruras do povo, outros usam-na para produzir distrações deste mesmo povo retardando assim a desenvolvimento mental do homem angolano.
“A verdade que não Vem é a mais concreta tradução da inoperância das instituições em persistir em não olhar o cidadão como sendo ele o detentor do poder que delega com finalidade de ser representado. Horas Extras faz uma panorâmica do quanto a verdade é tao seriamente atentada por aqueles que detêm o poder que infelizmente escolheram esquecer que a verdade em si não é propriedade do Chefe do Estado.
Tendo em conta as agruras que acontecem nas nossas prisões, muitos preferem não tocar no assunto, vivemos como que não existissem cadeias ou se existem, aceitarmos enganarmos- nos dos maus tratos que nelas acontecem. “Entre a Espada e Parede” é convite que leva-nos a indagar o nosso eu profundo das razões que nos afastam do diálogo sobre as cadeias. O Rap reporta factos que têm lugar nas prisões que se traduzem num grave abuso dos direitos da pessoa humana, tal como ele mesmo diz: “onde muitos viram gays por falta de pão”. As prisões são sociedades “secretas imundas” que não são raras vezes que as pessoas por lá param por falta de seriedade do Sistema.
A dança da Globalização desvenda toda nossa ilusão que nutrimos às instituições internacionais. É tudo ilusório e nada de seriedade, o olhar das diferentes organizações sobre a África, sempre será de “escravos e senhores”, o nosso continente continuará a ser visto como palco de testagem das mais estranhas vacinas, muitos líderes religiosos continuarão a ser esculpidos com finalidade de desenformar os seus crentes atrasando-os assim na tábua de desenvolvimento. O ocidente sempre encetará seus esforços em alienar os líderes políticos africanos e esses por sua vez esquecerem os seus cocidadãos. Esquecidos seremos “nós” os excluídos pelos chefes envenenados pelo medo de partilhar o poder, e nisso, pensa o artista, fragiliza-se os que de forma autónoma pensam.


“A mulher habita” em qualquer um de nós (homens); toda mulher deve considerar-se uma MUSA e uma figura inspiradora e o Rap coloca o acento tónico às mulheres zungueiras. Ou seja, as autoridades batem nas pessoas erradas, aquelas que incansavelmente buscam pelo sustento das famílias que o Executivo graças a sua incapacidade fez muitas eminentemente pobres que como forma de garantir a sua sobrevivência, caminham longas distâncias, expostas ao sol, poeira, com filhos às costas na esperança de conseguirem algo que sirva para além de providenciar a alimentação, pagamento da formação. O Executivo age como um criminoso vulgar. E a soma dos defeitos do mesmo estimula e multiplica as razões para sermos opositores como forma de manifestarmos o nosso descontentamento. É necessário que ganhemos consciência das assimetrias que são visíveis e de mãos dadas apontarmos o caminho aqueles que não querem conduzir o povo para a sua realização.
Os inúmeros erros, uns por insanidade e outros por incapacidade de quem governa, fazem pensar que tal Executivo não é deste país, eles dá a ideia de vieram de outro planeta para cumprir uma missão, agravar o sofrimento do povo angolano. Fazer o bem, é uma lei inerente a natureza humana; fazer o que é prometido ao longo de uma campanha eleitoral, é o mínimo que pode se esperar de pessoas que usam a razão como guia das suas acções. Quem é eleito e deliberadamente aponta o cano do canhão a sua comunidade, revela uma postura estranha que deve-se procurar perceber de modo mais cuidado possível. Os avultados maus exemplos leva-nos aquilo que o Mc chamou Angola em Estado Febril.
Uma dura critica que Horas Extras faz a classe intelectual, prende-se com o profundo silêncio. Doutores do silêncio é essa a nova designação daqueles que ostentam títulos mas que escusam-se de fazer uma intervenção a medida da sua formação académica. Horas Extras, apresenta o silêncio de quem estudou com certo desespero pelo facto de não estarem a cumprir o seu mais nobre objectivo.
Para terminar, é importante dizer que Patriotários, é um projecto que responde a forma de pensar do seu “progenitor” e das limitações das condições materiais, mas a obstáculo, o autor reportou a vivência de um povo e apresentando-se como um homem preocupado com o bem-estar do seu semelhante porque compreende ele que desta forma estaria a ser útil. A arte que para aqueles que não têm noção dos seus benefícios obviamente para além daqueles que permitem atrair mais mulheres sem equilíbrio mental e dinheiro, ela essencialmente tem o condão de humanizar o executante e os destinatários.

Texto de  (Khadhya Lubuato)

   

Baixa Aqui


Shia Neurose

Sem comentários:

Enviar um comentário