segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A RECEITA: O TRIUNFO DA CRIATIVIDADE DO POETA | Por Khadya Lubuato



Depois de muitos populistas anunciarem a morte do Hip Hop e em particular o Rap, ainda podemos respirar uma certa saúde musical, mas depois surgiram os especialistas da “rima do fumo”, os miúdos que não sabiam e que continuam a não saberem o propósito do rap, mergulharam em águas turvas, os contravalores que eram combatidos no seio do Hip Hip e não só, começaram a ser exaltados com mais veemência, aguçou-se mais o espírito da frivolidade, consumismo, da vida fácil, do sexo a um clique e os adolescentes tornaram-se em consumidores de luxo de todo lixo.





E nessa atmosfera procuram-se Mc´s com disposição lirical para alimentar esperanças de  muitos que se vêem defraudados com a situação actual do rap. Haudaz Samuamba depois do álbum “Sanidade Musical”, no momento certo coloca às mãos dos sedentos amantes da arte “A Receita”. O intitulado em si ilustra a necessidade da sociedade medicar-se, a necessidade de mostrar-se as pessoas que para além da corrente musical que apregoa os maus hábitos existe a música pensada, que educa e que propõe um caminho diferente, aquele que exige sacrifício, dor e paciência. 
 O poeta (Haudaz) no presente álbum, amadureceu a veia poeta fruto do actual  modus vivendi, colocou no seu protegido caderno as suas reflexões, as suas angústias, as suas expectativas e perspectivas propondo desta feita a sociedade a repesarem o seu modo de vida. Toca em diferentes problemas mostrando-se conhecedor da essência dos mesmos. É notável a preocupação que Haudaz mostra em relação a pessoa humana, poeticamente apresenta as fragilidades do homem e no modo como este homem relaciona-se com os outros; certamente estamos no âmbito da crise do bem proceder, do saber viver juntos, do saber ser, do conhecer e do saber fazer que de resto são os pilares da educação do nosso tempo. Haudaz apresenta-nos um homem equivocado e que se acha feliz sozinho, um homem medroso, preconceituoso amante da vida fácil e que teimosamente não se educa.


Haudaz reporta problemas reais essencialmente que comprometem a paz social remetendo assim as suas observações a causa não cauda (os quem mandam na casa grande) esse mau proceder desemboca  na indisciplina da distribuição do erário que pertence a todos nós.  A crítica feita ao sistema, Samuamba fá-la de forma subtil mas atingindo a parte sensível do temível império que esmaga qualquer um.
Não sendo um religioso devoto, Samuamba nutriu a Receita de valores éticos, culturais, intelectuais e fundamentalmente religiosos, tal postura denota um passado de trabalho e de crença no Superior. É possível depreender a relevância que o artista dá ao criador como elemento do qual as pessoas podem se inspirar e nunca pensar que é possível triunfar sem o apoio de Deus, ou seja, a receita de como se pode vencer na vida.



 Não é possível questionar-se a carreira artística do Haudaz porquanto somos todos testemunhas oculares do quanto tem vencido diferentes etapas que implicaram muitas vezes quedas, frustrações, vontade de largar tudo mas a voz interior é forte e orienta quem persiste. O nome do Haudaz está a ser construído essencialmente com sacrifício e criatividade, tanto como compositor assim como produtor (criatividade enquanto geradora de ideias consistentes não e como os novos alunos do rap entendem).
Bem haja o Hip Hop.

Alguns momentos deste dia:










Texto de (Khadya Lubuato)




Sem comentários:

Enviar um comentário